
EDITORIAL
As JORNADAS DA EBP-SP/2011 se aproximam, temos agora exatos dois meses até o dia de seu início. O tema "O gozo feminino no século XXI" tem suscitado inquietação e interesse.
A imagem polvo-útero dos cartazes e flyers é uma marca que permanecerá vinculada ao tema e à EBP- SP, tamanha sua força e a atenção que desperta (Thanks forever, Thereza!).
Leonardo Gorostiza, presidente da AMP e AE da Escola Una, em sua entrevista à Carta de São Paulo (no prelo) afirma haver uma "feminização do mundo", reiterada já há vários anos, para assinalar a reconfiguração dos sexos que acontece neste novo século, o XXI. Ou, "uma aspiração à feminilidade", como recentemente definiu Jacques-Alain Miller.
Gorostiza situa, a princípio, tal feminização em dois eixos. Por um lado, o mais evidente: o atual predomínio das redes sociais sem um centro unificador aparente, como as da Internet, que têm afinidade com a lógica do “não-todo”, própria da sexuação feminina, e não com a lógica do “todo” que retorna ao Édipo freudiano, hoje em declínio. Por outro lado, pensa que teríamos de localizar exemplos, tanto clínicos quanto sociais, onde se manifeste um gozo que – como o feminino – não pode ser colocado em palavras. Dizendo de outro modo, tratar-se-ia de tentar localizar gozos rebeldes ao saber, e, portanto, impossíveis de negativizar.
Maria do Carmo Dias Batista
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A mulher, sem dúvida, é a alienação da teoria analítica e do próprio Freud, pai dessa teoria, grande o bastante para ter-se dado conta dessa alienação, tal como o mostra a questão repetida por ele: “O que quer a mulher?” Não creiam, por isso, que a mulher se saia pior. Quero dizer que ela dispõe de seu gozo de um modo que escapa inteiramente a essa captura ideológica.
(Jacques Lacan, lição 16 de 12/04/67).
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