2.7.11

“Styles de vie”.

(Resenha)



Por: Marilsa Basso EBP-SP – CLIN-a


Éric Laurent no editorial “Styles de vie” retoma o conceito freudiano de sublimação e diz que, depois de Kant, distinguimos o sublime do belo pela tensão que se mantém no sublime, enquanto que no belo esta se apazigua. Freud propõe que esta tensão revela a satisfação direta de uma pulsão na atividade estética.  O artista então inventa uma satisfação direta, específica, ele eleva os caminhos mais íntimos de seu inconsciente à posição das obras conhecidas e por aí encontra a via do mais autêntico reconhecimento.

O autor questiona: se a satisfação sublimatória é perfeita, porque o artista não é feliz? Porque não sublima o suficiente para se liberar de seus maus gênios e, neurótico, psicótico ou perverso, porque não se cura de si mesmo? Porque este que têm reconhecimento e aceitação de sua arte não encontra a paz suficiente? Porque continua a sofrer como numerosos suicidas...? Assim, a psicanálise não chega facilmente ao topo do discurso que a precede, sobre a “melancolia” do artista, seu gênio saturniano, sua proximidade com a loucura, a tristeza e as alterações mórbidas e fecundas de seu sentimento vital.

O discurso analítico sobre a sublimação mudou. Não se espera mais o laço entre a vida íntima do artista e a criação. Lacan traz uma perspectiva nova: “o analista não precede o artista...”. Laurent diz ainda que a psicanálise recuse o desencanto e se opõe a uma perspectiva de desilusão. Se há que aprender com o artista, é que ele se faz responsável pela verdade de seu modo de gozo.


*LAURENT, Éric. “Styles de vie”. In: La Cause Freudienne,   Revue de psychanalyse, n.25, sep. 1993. 

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