23.4.12

Clínica do Autismo - série AUTISMO

Desde o dia 16 de fevereiro foi colocada em linha A PETIÇÃO INTERNACIONAL PARA A ABORDAGEM CLÍNICA DO AUTISMO. Iniciativa do Instituto psicanalítico da criança - Universidade Popular Jacques-Lacan. Para assinar a Petição em linha acesse o site: http://www.lacanquotidien.fr

disponível em: Lacan Cotidiano 174
Testemunho de Mireille Battut
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Quando meu filho começou a manifestar certas particularidades, uma coisa me tocou: ele tinha um modo peculiar de abordar o gozo. Por exemplo, uma vez, ele estava no chão, perto da bainha de minha saia. Ele começou a tocá-la de um modo muito brilhante. Esta iluminação foi um primeiro signo para mim. Muitos signos foram surpreendentes: ele parecia amar a música e, entretanto, não respondia quando se o chamava. Ele não virava a cabeça.
Estando em análise, eu comecei a identificar as coisas. E acontece que, à custa de leitura, eu encontrei as chaves. O mais importante era que meu filho me dizia alguma coisa. Eu não esperei que alguém do exterior me desse um diagnóstico. A questão para os pais é que eles podem entrar em contato com seu filho. Eles não têm necessidade de ouvir o diagnóstico. Qualquer que seja a origem, a causa, do que acontece à criança, o importante é a comunicação.
Uma criança autista comunica de mil maneiras. Eu quero testemunhar que alguma coisa me aperta a garganta  quando eu ouço os métodos aba e outros: se quer retirar o que faz minha relação com a criança. Retiram-se todas as pequenas coisas que ele manifestou e das quais me utilizei para comunicar-me com ele.
Quando meu filho direciona seu ouvido para escutar ou para se proteger de um barulho, ele não faz apenas tapar os ouvidos: ele escuta e filtra o que lhe vem do mundo exterior. Quando toma a minha mão, ele não me toma por uma coisa. Um prolongamento entre seu corpo comigo faz com que eu lhe comunique uma força da qual ele tem necessidade. Progressivamente, ele vai tornar-se autônomo em relação a isto.
Eu nem percebo que há necessidade de uma certa continuidade. Se tentar interpretar seus gestos com o simbólico, isso de nada serve! Em troca, se o fizer de um modo topológico, com o contato, muitas coisas acontecem.
Meu testemunho está destinado a dizer que psicanalistas e pais estão ligados pelo fato de que eles tratam o sujeito, é o ser que se trata de fazer eclodir.
Em troca, existe uma tirania da educação. É preciso que meu filho seja educado, que ele progrida, que se torne um ser social.
Com os métodos aba (Applied Behavior Analysis), não apenas se retira dos pais a comunicação que eles haviam estabelecido com seu filho, mas também lhes é dito «vocês ensinarão a seu filho, vocês tornar-se-ão professores e lhe dirão: isso é grande, isso é pequeno». Onde está a relação com a criança? Esta não existe mais! Essa mistura é venenosa! Um pai não deve transformar-se em educador. Essas são as duas maiores razões pelas quais eu me sinto agredida pelo método aba!
É preciso deixar a escolha a cada um! Deixem-nos esta possibilidade!
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