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Apresentação do
VI ENAPOL
Um novo Encontro Americano toma
existência entre nós: o VI ENAPOL.
A seguir apresentamos o
boletim que será o meio para lhes informar, entrar em contato, debater e
pesquisar: CORPOaTEXTO.
Como se de um jornal se tratasse,
chegará para vocês no fim de semana, e tomarão o café da manha no sábado ou
no domingo enquanto o leem.
Trata-se do primeiro de uma série,
que gostaríamos fosse intensa e interessante, sob os múltiples temas que
podem se desprender do título do nosso VI Encontro Americano: "Falar com
o corpo. A crise das normas e a agitação do real".
Serão textos de pesquisa ou
teóricos, ou bem clínicos, que, aos poucos, irão construindo um campo de
saber que preparará nosso encontro para o próximo mês de novembro.
Neste número,
vocês encontrarão a Apresentação, do dia 27 de outubro, nas Jornadas da NEL
em Medellín, de Elisa Alvarenga, Presidenta da FAPOL (Federação Americana da
Psicanálise da Orientação Lacaniana).
Esperamos que possa se produzir um
verdadeiro trabalho na nossa comunidade psicanalítica em América.
Ricardo Seldes - Presidente ENAPOL
Patricio Alvarez - Director ENAPOL
A crise das normas e a agitação do real
Elisa Alvarenga
Presidente de la FAPOL
“O que é um corpo?
o corpo é o que sobrevive ao naufrágio do
simbólico.”
(Jacques-Alain Miller, citado por Eric
Laurent na ENAPOL III, 2007, Belo Horizonte)(1)
Nos tempos de uma nova ordem
simbólica, que não da conta da desordem no real falaremos com o corpo frente
à crise das normas e a agitação do real (2).
A crise das normas se manifesta,
entre outras coisas, como crise das classificações, que para nos se apresenta
com a clínica continuista no último ensino de Lacan. Trata-se de diferenciar
esta clínica, por exemplo, da clínica dimensional do DSM V, que teremos no
próximo ano.
Como se manifesta a agitação do
real? Violência, infrações, agressividade, automutilações, sintomas
alimentares, drogas, alcoolismo, pânico, solidão, passagens ao ato,
hiperatividade. O mal-estar na civilização cresceu muito desde Freud. A
desordem na civilização provoca o acesso excessivo aos psicotrópicos, às
psicoterapias autoritárias, aos intentos de regular, avaliar.
Frente a isso, qual é a potencia do
discurso analítico? Embora seja filho da ciência e do capitalismo, sua
potencia vem do fato de que é desmasificante, que rompe com os discursos
conformistas. Na época do Outro que não existe, na análise se inventa um Outro
à medida de cada um. Nem sempre esse Outro é suposto saber - temos aí o Um
sozinho. Um exemplo é a epidemia de jovens que não saem das suas casas, que
dormem durante o dia e passam a noite com seus computadores. Se no há
inicialmente sujeito suposto saber, há sintoma. O sentido pode desaparecer,
porém o real do sintoma permanece.
O encontro do significante com o
corpo produz um acontecimento do corpo, o surgimento de um gozo que nunca
retorna a zero. Para fazer com isso sem o inconsciente simbólico e suas
interpretações, é preciso tempo. Se trata ai de um novo conceito, o
inconsciente real que não se decifra, senão que causa o ciframento simbólico
do inconsciente.
Se o corpo não fala, senão que goza
no silencio das pulsões, é com esse corpo que se tratará de falar, de
fazer falar. Falar com o corpo está no horizonte de toda interpretação, e
pode vir em seu lugar, tanto para o analisante como para o analista. O
analista oferece o seu corpo para que o paciente aloje seu excesso de gozo e
faça existir o inconsciente. A análise dura enquanto o insolúvel de cada um
seja impossível de suportar. A análise termina quando o sujeito está feliz de
viver, diz Lacan (3).
Invitamos a todos os aqui presentes
a tomar suas perguntas e temas de trabalho, se organizando em cartéis com
seus colegas, com colegas de outras Sedes e mesmo das outras duas Escolas de
América, a EOL e a EBP. Encontraremo-nos, de novo, com nossos corpos, dentro
de um ano, em Buenos Aires, renovando o prazer que tivemos de estar e
trabalhar juntos aqui em Medellín.
(1) Cf. LAURENT, E. : A Classificação, in Opção Lacaniana 51 , SP, abril 2008, p. 120.
(2) Cf. MILLER, J.-A. : Parler avec son
corps, in Mental 27/28, Eurofédération de Psychanalyse, septembre 2012,
p. 127-133, y MILLER, J.-A. O real no século XXI, in Opção Lacaniana 63, SP, junho 2012, p. 11-19.
(3) Cf. LACAN, J. :
Conférences et entretiens dans les universités nord-américaines, in Scilicet 6/7, Paris, Seuil, 1976, p.
15.
Tradução: Laura Arias
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11.12.12
VI ENAPOL - Boletim Fim de Semana
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