Casamento para todos: contra a instrumentalização da psicanálise

Casamento para todos:

contra a instrumentalização da psicanálise

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Lacan Cotidiano 269 

Paris, 13 de janeiro de 2013

Os psicanalistas abaixo assinados deploram a insistente utilização do saber psicanalítico afim de garantir, no debate que agita a nação, algumas das teses que se opõem ao projeto de lei.          Em consequência, julgam-se compelidos a declarar:

-          que nada na experiência freudiana é de natureza a validar uma antropologia que se autorizaria do Gênesis;

-          que a estrutura edípica lançada por Freud não é um invariante antropológico;

-          que, no nível do inconsciente, os dois sexos não são ligados por nenhuma complementaridade originária, o que se exprime através do aforismo de Lacan: “a relação sexual não existe”;

-          que advém a cada ser falante encontrar as vias de seu desejo, que são singulares, tortuosas, marcadas de contingência e desencontros;

-          que alguns se apoiam, para esse fim, em uma crença religiosa e que outros a ultrapassam; um analista não tem de se pronunciar sobre este ponto.

PRIMEIROS SIGNATÁRIOS

Guy Briole, professor de psiquiatria do Hospital Val-de-Grâce

Marie-Hélène Brousse, ex-presidente da Escola Europeia de Psicanálise

Carole Dewambrechies-La Sagna, secretária geral da Uforca *

Eric Laurent, ex-presidente da Associação Mundial de Psicanálise

Anaëlle Lebovits-Quenehen, diretora da revista Le Diable probablement

Clotilde Leguil, autora de Sartre avec Lacan, 2012

Lilia Mahjoub, ex-presidente da escola da Causa Freudiana

Jean-Claude Maleval, professor de psicopatologia na Universidade de Rennes 2

Jean-Daniel Matet, presidente da Escola da Causa Freudiana

Jacques-Alain Miller, ex-presidente da Associação Mundial de Psicanálise

            * União pela formação em clínica analítica

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